terça-feira, 14 de junho de 2016

A cegueira do tempo

Roland Topor

Quão velho quanto a vontade de viver,
passam os anos, o dizer, o olhar, o sentir, transpõem
nada mais do homem que quisera esquecer
mas que almejara voltar por poucos segundos

Nada mais de amor, no mundo tácito e descabido
se amor tiver, a compreensão seria tarde, para uma noite sem futuro
no turno da dança, os ritmos já não são corpo
ou se são, apenas nos pensares mais arredios

Daquelas épocas em que dizia, não há problema com o viver,
e não há; o que houve foi cultura de exclusão
para tempos, ossos, músculos e sonhos
que apodrecem largados no vão

Ou são reaquecidos diariamente
para dinamitar os rasgos dessa perfeição

André Café

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