sábado, 1 de dezembro de 2012
Cidadão das estrelas
Andando na rua, num beco escuro
Pensando, sentindo, pintando nos muros
Me vi absorto, meio perplexo
Afinal o que somos? qual é o nexo?
Se tenho uma casa, me faço gente
Se moro com as estrelas, indigente
Se tenho identidade, sou Raimundo
Se respiro a garoa, sou do mundo
Por que cidadão só quem tem chão?
Por que só é gente quem é de escola?
Por que ser humano só se escrever?
Por que só estou certo se concordo com você?
Sou cidadão sem um nome
Sou cidadão sem um chão
Mas antes do nome
e antes do chão
Há um rosto
e por ter rosto
é que não me contento com restos
E é por ser cidadão as avessas
que luto e sonho
para além das arestas.
(Fernanda Costa)
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