terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
Enjeitada
Quantas vezes me fiz no oasis do meu quarto
Quantas vezes tentei me afogar nas lágrimas que caiam do meu rosto
Mas o travesseiro teimava em me salvar todas as vezes.
Quantos dias de solidão, de vinho, de músicas ao pé do ouvido
Quantos dias de ressaca mal vividas, não divididas. Tudo isso até o momento era meu legado.
Tudo só meu, o quarto, o violão , a escuridão.
... Espera, lá vem mais um solo preso no meu cobertor.
Acho que vou afundar novamente .
Mas uma vez acordava e estava presa na minha cama ,
presa a ela, não havia ilhas, nem pessoas,
Apenas uma multidão espremendo-se e revigorando o meu monitor.
Eles assistiam o show da minha banda favorita e eu não !
Acabara de partir para presenciar mais um show das minhas lágrimas .
Publico total , Eu .
Sem microfones, sem platéia, apenas o copo de vinho e a voz da minha mãe reverberando
na parede do meu quarto .
- Hey, hey, criatura , acho mais conveniente você se levantar, o dia esta brilhando... SUA MALUCA, chega de babar e tenta fazer alguma coisa de útil. Quero você de pé em três minutos .
A voz ficava cada vez mais distante, no momento apenas ecos , apenas minha consciência gritando enjeitada de mais uma ressaca .
Eu queria dizer pra minha mãe que a morte me bastava e eu estaria em algum outro plano fazendo algo de útil como ela tanto queria, deixaria a vida pra quem sabe viver, pra quem quer viver , mas nem ser boa o bastante pra me matar eu sou .
Nem isso.
Nem isso ...
Myrla Sales '
11/02/2013
23:47
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