segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
Don Juan
Permita apresentar-me, bela senhorita.
Eu venho de outros tempos, de terras inauditas.
Sou filho da chama mais quente que existe.
A noite é minha irmã, sublime, mas tão triste.
Trago na boca o gosto dos mares onde vivo,
As vagas escalando, deles sou cativo
Como um fantasma vagando pelos portos,
Mas trago em mim uma porção de dias mortos.
Quando o pulso febril no corpo arde
E o Sol desfaz-se em sangue no final da tarde,
Espalhando no mundo a solidão e o frio,
Amaldiçoo a minha sina e mar bravio.
Nessas horas cruéis o que minh’alma quer
É apenas tua forma linda de mulher.
Quando a angústia crescer minh’alma sente
Meu coração deseja a tua boca ardente.
Tal como o beija-flor do néctar suculento
Da tua beleza vivo e dela me alimento
E como fosse o fôlego da vida humana
Eu sorvo a luz que o teu olhar emana.
Direi-te, então, o nome de quem fala-te com ardor.
Me chamam Do Juan: teu servo e teu Senhor.
(Igor Roosevelt; 14/02/2013)
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