quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Spleen*
Chove...
A cidade outrora ensolarada
Reveste-se de um manto cinza e triste.
A chuva se alonga ao meu redor
Como grades de prisão
E as ruas estão molhadas
Como se eu tivesse chorado sobre elas
Toda a minha dor.
Os carros andam sem destino
Como enormes formigas de aço
E no interior de uma delas
Eu estou, e também rumo
Sem destino...
É possível tirar desse desfolho
Alguma matéria de poesia?
Há uma cena que sempre se repete.
Há um ponteiro morto no relógio.
Há uma paixão dormente no meu peito,
Que é fria como gelo e quente como angústia.
Há uma vontade de fugir pra algum lugar
Jamais pisado, visto ou sequer sonhado...
Mas eu levanto... Chove...
Encho minhas asas com o vento frio de Janeiro
E atiro meu corpo aos abraços do Sol,
Inutilmente... garras de tédio me agarram os tornozelos
Me prendendo ao chão... Sou apenas uma ave
Tentando furar um céu de chumbo...
*Termo francês que significa algo como melancolia ou tédio.
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