terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O dia em que mandei meu amor ir embora



Quando a gente sente, verdadeiramente, que gosta de quem temos do lado, as dúvidas do futuro viram o presente. Não aquelas dúvidas de que se-vai-dar-certo-, ou aquelas de que será-que-ele-vai-se-cansar-, ou ele não-está-pre-pa-ra-do agora para assumir, mas sim aquelas que faz a gente perder a hora fazendo cálculos: Será que o quarto vai caber todos os nossos livros? O quarto vai ter um ou dois banheiros? Quantas viagens faremos por ano? É isso que eu penso sobre o amor. O amor não precisa vir na hora certa. Se ele bater à minha porta, de madrugada, bêbado, eu abro. No amor, os dois não precisam  viver um a vida do outro. A gente vive a nossa vida separadamente, mas quando estivermos perto, estaremos juntos. Nada de posse, de birra, de mal criação.
- Onde foi que eu parei?
- Você parou na parte em que me dizia que queria pensar um pouco, descansar, saber se é isso que você realmente quer.
A liberdade não acaba em um relacionamento. Um relacionamento não é uma prisão como muita gente acha. É só fazer direito, não confundir paixão com carência. Eu faço as minhas coisas, nos meus horários e você faz as suas, nos seus horários. Óbvio, de vez ou outra a gente foge da regra. O que eu estou querendo dizer é que para duas pessoas ficarem juntas, meu deus, elas não precisam parar de sair com os amigos, mudar-se para a casa da sogra antes da hora, querer se alimentar do que nutre só o outro.
- É verdade. Então é isso, eu quero um tempo. Eu te amo. Gosto mesmo. Só preciso saber se eu estou no caminho certo, você entende?
- Não, não entendo. Até ontem eu era o amor da sua vida, a azeitona da sua empada. E hoje você bate à minha porta com essa cara de ressaca mal curada e me pede um tempo? É para eu esquecer do que ouvi, fingir que eu também não disse nada? E as promessas? Tá, eu não me agarrei a fio nenhum sem você ter me dado corda. Eu me apaixono toda e você quer curtir a vida e depois voltar? Não! No way! Never! Ou vai de uma vez ou fica. Ou me vem inteiramente inteiro ou encontre a sua outra metade.
Quando a gente diz um sim, balança a cabeça para cima e para baixo, aceita os defeitos, as qualidades alheias e passa a ser dois em vez de um só, tem que ser direito, tem que vir de verdade.  Sem promessas, sem dizer coisas pela metade.
- Eu não quis te magoar, te fazer sofrer, ou ter dito alguma coisa por dizer. Eu fui feliz, acho que te fiz feliz também. Meu erro está sendo querer parar. Eu nem sei direito porquê ativei esse freio.
- Não precisa dizer nada. Eu não quero migalhas, desculpas, parágrafos de sua condenação. A porta já está aberta.
Só existe o par quando existe os dois.

(Rosseane Ribeiro)

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