quinta-feira, 24 de maio de 2012

Até o próximo torpor de minhas iniquidades ...


No caminho por vir, a antítese, enfeitada com as marcas do tempo, um passo de cada vez, quase que forçado e despercebido. Parece que as forças foram arrancadas sem deixar recado, parece que a solitude se impregnou no corpo desavisado. No caminho, infeliz trôpego, por dias de álcool, mas com alma sóbria, sorvendo toda a ternura amargurada das feras e feridas, passo a passo, quase que veloz verdade vedada em vácuo; lágrima que cai em vão, passo a passo, a passo, cadafalso

Eu não consigo ver mais a luz, de repente o chão sumiu dos pés, o que me restou? o que sou? onde vou ? não tenho forças pra mover essa coisa de dentro de mim, arrancar isso que me persegue a todo o momento
Odeio essas lágrimas malditas, odeio essa dor que não me deixa em paz, estou dilacerada, perdida, abandonada sem mesmo ter pertencido

Não me fiz essência, não sinto essência, sem domínio até para desabar de uma só vez e fingir que minha passagem foi apenas em um segundo de equívocos. a mente em tortuosa e doce tortura deixa apenas os olhos abertos, em plena visão; para então me embeber da última dose de loucura que me cabe, a loucura dos céticos e esquecidos ... um sibilo ... passo, apenas mais um ... nada mais ...
mais um passo ou muito mais? de que importa eu nem sei onde quero chegar, eu só vou andando por ai quando eu cansar eu paro, quando a dor ficar menos dolorida, quando a falta deixar de ser o principal em mim todas as manhãs


Então o vento roça meu rosto e eu acordo desse pesadelo

Até o próximo torpor de minhas iniquidades ...





Hévllen Motta e André Café

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