segunda-feira, 21 de maio de 2012

Hora do chá, sobre qualquer circunstância; há mudança no ar


O instante de silêncio, momento inexistente neste espaço
o vento continua salgado e fervido; a terra encharcada de óleo e sangue
as chamas púrpuras, negras vão ao infinito
almas cadeadas em sofrimento em contínuo desandar
mesmo em movimento, o caos parecia paralisado
e daí um silêncio nunca antes ouvido
nunca antes sentido e registrado

Da mesma forma que apareceu, dissolveu-se no gole de chá curtido
às vezes a falta de ideia de tempo e espaço provoca sensações transruptivas
posso acreditar que a calmaria anestésica tenha-se desequilibrado pelos últimos fatos
ou pela visita à espreita do quase chegar.
o chá dessa vez parece bem mais intenso e palatável

Enquanto atravesso a ponte sobre o rio de lava e corpos
há travessia de mundos em meus pensamentos
a pupila inquieta, a pulsação sentida no estribo
o grito inaudível de mais uma alma caída
o chá já me oferecia um prazer improvável de se sentir

Eis o chão glacial e eterno
Cocytus era a expressão do silêncio que flertava-me
ao longe uma cadeira e solitude
os passos em série e sem controle encefálico aparente
diante dela, mórbida cadeira do diamante negro
ao lado, tremida, mesinha, bule e mais uma xícara, já cheia;
o olhar pro horizonte: refletido meu vazio humano; subitâneo equinócio

Sócrates no inexato momento


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