segunda-feira, 14 de maio de 2012
Canto
Canto,
falo sim da vida e de temores,
de amores, horrores e flores
canto a minha existência
sem desistência e com insistência
da demência a maledicência
Canto,
para o alto e bom tom,
baixo, fino, rouco, burmon
no canto paro e significo
ressignificando o veredito
de canto alado em mito
Canto,
falo sim de tudo e do querer,
quero sim carinhos e abraços
feito febre e mormaço
contando os meus percalços
ao vinho e ao desalinho
Canto,
sobretudo desafinadamente em coro,
sem decoro, decorado de improviso
nem com o pito do aviso do purismo
me calo ou regorjizo
o canto alado de prisão
Canto,
para espantar como noutro canto,
para encantar sem esta intenção
canto em choro, choro em canção
meu canto também é fuga
para males de coração
Canto,
alegoria, zion ou semblante
o som da minha voz gritante
somente num pequeno instante
atualiza e ameniza com leveza
a sutil sutileza dissonante
André Café
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