quarta-feira, 2 de maio de 2012

Vida Myrho*


Com um sabor travado na saliva
acordei querendo devorar o mundo
e por mais que saciasse minha vontade
mas ela reverberava no instinto absurdo

Me cercam agora um mar de ilusões
que aumentam a sede da carne e sangue
e sangra os olhos de tanto rodarem
limita o cio faminto de altar

Me demoro em fome, me devoro
e desapareço como miragem
sou eu autor do disparo fatal
contra minha própria blindagem

exposto o nu, cru e vazio
na roda de risos demência
não temem o próximo gume
cravado em maledicência

André Café



* Demônio da ilusão e da fome




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