quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Soturno outubro


Nenhum desejo nessa tarde.
O tempo parou feito fotografia
Nenhuma vontade nesse dia quente de outubro
(Outubro teresinense, tão morno e fatigado).
Tao seco de vontades, escasso de ventos
e feito de mormaço e ondas soturnas em que navego.

O Urubu que rasa ao longe e ignora o vapor dos asfaltos
não sabe o que se passa na mente cavernosa e distante,
ignora qualquer sentimento vão e não sabe do corpo que inveja
sua distancia de tudo, sua solidão, isolamento e ignorância...

Sem qualquer esperança, inutilmente
detenho-me distante do turbilhão chamado vida.
Desejo ansioso a antiga e dolorida solidão das noites frias,
miro de longe o tráfego vermelho dos fins de tarde
e sinto-me indiferente...

A mão que escreve este poema não sabe mais o que deseja
enquanto o crepúsculo se desata sobre a cidade.
E a mente exausta de mentar toda uma nova realidade
se rende ao que o torna triste. E não sabe mais se é infeliz
ou se quer, só por hoje, nesse inicio de uma nova noite
encontrar na solidão, a felicidade!

Tarcisio Bastos

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