quinta-feira, 24 de outubro de 2013
O CIENTISTA NU ESPELHO
Áureo João. Teresina, 14 de outubro de 2013
O Cientista é um ente
autocriado,
autocausado,
autodeclarado,
autodivinizado,
autoproclamado...
O Cientista,
se pensa...
se fecunda,
se pare,
se valida...
faz-se um ente de único gênero e espécie...
Fálico.
Por sua própria ciência e com esta só
e sua linguagem restrita, adoece e morre,
só...
O Cientista pensa...
que o mundo todo
e todo mundo
só existe
por causa de sua ciência apenas e
de sua prescrição doutoral.
O Cientista é escultor de si mesmo;
esculpe sua formosura e formatura;
talha sua matéria-prima, como criador e criatura.
Resultam belas esculturas e finas culturas.
Às vezes, não raro,
abestalhadas criaturas.
O Cientista é um devoto fervoroso.
Na sua trindade sagrada,
dogmática dura,
sua religião-ciência tem fé absurda.
Tradição, Método e Linguagem;
e uma comunidade fanática... Referenciada...
Crentes fanáticos em suas crenças,
os cientistas, aos muitos,
à semelhança de religiosos fundamentalistas,
nos tentam fazer crer como eles mesmos, em ismos e centrismos,
e nos aprisionar em suas correntes...
discípulos dos discípulos dos discípulos
e dos mestres que dominam suas cabeças...
nos perseguem pelas desobediências atrevidas, heresias e descrenças
No panteão da ciência-religião,
autores que se pensam deuses, outros divinizados;
livros sacralizados, teorias canonizadas;
academias-senzalas, adestramentos e açoites;
hierarquias, departamentalizações, citações;
rituais e normas, reificações,
valem mais que as vidas cotidianas manifestas...
apenas para os Cientistas mesmos; só.
Os cientistas inventaram
a Ciência e a Técnica,
o cronômetro mecânico,
os seus domínios sobre a Terra e os Oceanos,
e o estado elevado de sua Arte própria,
para nos livrar dos desígnios dos Deuses Todos,
da tentação do Diabo,
e das moradias do Céu e do Inferno,
Mas, agindo como se fossem Deuses e Diabos, padecem nas bestialidades de seus próprios eus apequenados. O inferno de si.
No currículo dos cientistas, há coisas que nos assustam:
Concorrências desnecessárias, às vezes desleais;
melindres, desafetos;
intrigas, ressentimentos;
estresses, muita pressa;
pressão, depressão, transtornos;
infartos; AVC;
aridez afetiva e espiritual,
apologia ao saber-poder;
solidão;
loucuras.
O Cientista fálico,
de razão e objetividade só,
adorador de sua trindade e do culto em si,
é um gênio tolo falador,
um idiotizado com dureza,
que não acha graça nos adornos e coisas simples da vida;
vive sem ternura;
uma besta que se acha culta e superior aos entes demais...
No plantel dos Cientistas,
autodivinizados,
abestalhados,
tolos,
idiotizados
bestas incultas,
há especiais criaturas.
Estas últimas criaturas são humanos que se sabem e nos sentem;
e sabem que sabem, e quando não sabem;
e sentem que sentem,
e intuem,
e poetam,
e riem livres,
e choram soltos,
e se encantam com os encantados,
e nos ensinam,
com ternura e adornos...
como homens, mulheres e pessoas...
e nos tornam melhores !!!...
São as nossas luzes... e nossos espelhos !!!
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Saudações André...
ResponderExcluirGoste muito do seu poema. Achei muitos elementos interessantes em sua escrita. você tem uma boa dissertação em expressar seu sentimento, uma ótima forma de ilustrar suas metáforas. Achei até mesmo alguns elementos parecidos com o estilo de poema de Nietzsche!
Eu também costumo fazer poesias, mas sou um iniciante nisso... Se desejar visite o meu blog.
http://dichterlevi.blogspot.com.br/
Um grande abraço!