terça-feira, 27 de dezembro de 2011



saudade é um bichinho que a gente alimenta com memória. Pode começar bem pequena e fofinha, arranhando as portas e mordendo as pernas das cadeiras. Cabe no colo e faz um barulhinho quando dorme. A distância as vezes faz crescer, não importa de que tipo e se está longe ou perto, quando a saudade está com fome também come distância. O alimento é justamente a maior fonte de cuidado porque saudade alimentada com medo ou tristeza pode arranhar, morder ou engolir o dono. Ser engolido de saudade é angústia. Quando bem alimentada, no entanto, cresce, coloca no colo e aconchega pra dormir. De tão vistosa as vezes parece deixar de ser ausência e se tornar companhia e presença. A minha saudade é o que me liga ao que me faz lacuna. A minha saudade não é um vazio e sim uma presença que embala.


Flora Fernandes
15.08.11

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