Danush encarou-a
com total perplexidade, nunca, mas nunca mesmo em sua vida havia escutado
tamanho absurdo, era de conhecimento de todo o reino das duas grandes nações
que Eauvolch era uma lenda dos tempos antecedentes à grande guerra e que, assim
como a magia legitima, não existia. Sua mãe lhe contava essas histórias para
dormir, histórias de um povo antigo que usava magia pura sem o intermédio de
qualquer elemento, poção ou amuleto.
A Grande
Guerra, como foi chamada o massacre entre os clãs que gerou a conversão do
reino unificado em duas grandes nações, Avelon e Therento¹, foi para os povos
das terras do Mar Médio o marco de uma nova civilização. Diz à lenda que antes
dela o reino nunca ouviu falar em rixas ou dificuldades, a união existia plena
e harmonicamente entre os clãs que ali habitavam, porém a ganância de um único
homem fez com que todo o reino sucumbisse à cobiça, ao ódio e finalmente à
guerra, seu nome era Kneeck², o maquiavélico, ninguém sabe ao certo como ele
conquistou fama e poder, nem mesmo os mais antigos moradores de Tuarah
presenciaram a grande guerra, tudo que se sabe a respeito eram as histórias
contadas por seus antepassados e passadas de geração em geração.
Eram tempos de
medo e terror, diziam, não havia sombra sobre a face terra depois que Kneeck
conquistava mais um território, aterrorizadas e sem sabe de onde viria sua
redenção as pessoas começaram a segui-lo na intenção de salvarem a si e aos que
amavam, pois não havia homem capaz de derrotá-lo. Com poucos tentando detê-lo,
as forças contrárias dispunham de poucos recursos, Danush se lembrava de quando
seu pai lhe falava do quão orgulhoso era de pertencer à grande nação de Avelon,
segundo ele estes tinham sido os poucos que se revoltaram com o império
emergente de Kneeck, os guerreiros de armas em punho, detentores da arte da
espada de Therente aliaram-se rapidamente ao poder do tirano, restando para uns
poucos arqueiros de Avelon a utópica missão de combater todo o reino.
Em meio a tudo
isso surgiu o que poderia ser a fonte de esperança para os rebeldes do norte,
como ficaram conhecidos os arqueiros de Avelon, a existência de um clã tão
poderoso que um só membro seria capaz de aniquilar todo o exercito de Kneeck,
os Eauvolchis. A lenda diz que os seres habitantes das terras do subterrâneo
eram dotados de magia poderosíssima proveniente das forças das águas, eram
executores legítimos da magia proveniente da mãe terra, diferentemente dos
magos ilegítimos, sacerdotes da natureza, que apenas podiam manipular os poderes
que a terra oferecia-os, como ervas curativas e venenosas, amuletos protetores
e invocações das forças da natureza, no entanto a mãe terra nem sempre se
mostrava disposta a contribuir, e os sacerdotes não puderam ser de muita ajuda
perante o exercito de Kneeck. O único empecilho era justamente encontrar tal
povo e convencê-los em ajudar os rebeldes contra o tirano, localizar os
Eauvolchis era impossível, uma vez que tudo que se sabia sobre eles era vindo
de lendas tão antigas quando as lendas do surgimento da grande mãe terra.
A lenda de
Eauvolch não era de conhecimento apenas dos rebeldes do norte, o maquiavélico
Kneeck temendo ser derrotado começou uma busca épica pelas misteriosas terras
do subterrâneo, sua ganância por mais poder e dominação completa do reino o
levou a tentar auxilio da parte desses seres, o que ninguém esperava era que,
justamente isso o levaria à ruína, as incessantes jornadas de exploração pelo
reino e a divisão dos exércitos enfraqueceram o império emergente do temível
conquistador, dando vitoria aos rebeldes do norte. O fato mais misterioso de
toda historia é nenhum dos lados da batalha alcançou a localização do clã
Eauvolch, que permaneceu inatingível e agora em tempos de paz reduzido a
historias de crianças.
Quanto à
Kneeck, o maquiavélico, também não se sabe o seu paradeiro, em uma de suas caçadas
pelas terras misteriosas do subterrâneo, desapareceu sem deixar rastros, a quem
diga que encontrou o que procurava e foi destruído para que não pudesse revelar
o segredo dos Eauvlchis, outros ainda argumentam que ele foi o responsável pela
extinção deles durante a grande guerra e que por isso não existem mais. De um
modo geral a Grande Guerra tem muitas versões a respeito de sue enredo, pois
não há um homem vivo que tenha assistido seu fim, o que existem são
especulações e inúmeras teorias de como o perverso Kneeck foi derrotado. A
única certeza é a de que existem duas grandes nações que depois da guerra nunca
conseguiu a completa paz, arqueiros e espadachins ainda tem pequenas disputas
de poder, mas um tratado, datado de séculos depois da Grande Guerra, garante
que as nações não guerreiem entre si.
Aparentemente
alheia a tudo isso se encontrava a jovem Kelikah diante dele, afirmando ser uma
filha de Eauvolch, detentora de magia pura, Danush sabia que alguma coisa
errada acontecia na Clareira, afinal ele assim como a bela à sua frete tinham
tido um tipo de visão compartilhada, uma coisa muito errada estava acontecendo,
mas daí a acreditar na existência de magia era pedir de mais, na verdade ele
preferia pensar que seria mais fácil Kneeck ressurgir do que a existência de
Eauvolch.
- Kelikah,
hum... por acaso você não ficou tempo demais perdida, estamos um pouco longe de
qualquer clã do lado norte... – ele começou, meio inseguro do que dizer e já
começando a achar que o problema da moça era muito grave – se você quiser
podemos ir para Tuarah lá você poderia...
- não seja
mais ingênuo do que parece tuerege – ela interrompeu, pelo visto não havia
qualquer sinal de mudança em sua postura, mesmo com ele cogitando a hipótese
dela ser uma pobre alma perdida no meio da floresta que já não possui pleno
exercício da razão – por hora só necessito que se retire o mais breve possível da
Clareira, quanto ao que houve aqui, exijo que não relate a ninguém, amanhã à
noite aceitarei o jantar que pensa em me propor, aguarde-me após o por do sol.
- eu acho que
não seria uma...
- Agora vá, a
não ser que queira ser expulso de um modo menos amistoso. Ela interrompeu
novamente, enquanto Danush balançava a cabeça em negação, achando que seria
melhor que viesse com ele, Kelikah já havia desaparecido novamente nas águas,
sem alternativa ele voltou pelo mesmo caminho que tentou traçar antes de
encontrá-la e rapidamente encontrou o caminho de volta, a essa altura pouca
coisa o impressionava.
NA¹:
Presente de Natal, 3ª parte do conto/crônica +)
NA²:
contando agora a historia da grande guerra, espero poder postar regularmente
devido as férias, vamos que voamos
¹
grande nação do fogo, famosa por produzir poderosos espadachins
²
conhecido como Kneeck, o maquiavélico, conquistou toda região, hoje
pertencentes às nações de Avelon e Therento. Desapareceu depois de uma busca
pelo reino de Eauvolch.
(Nynna Zamboti)
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