quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Desmétrica V
A luz se converge baixinho
mostrando estreito caminho
e o homem, compasso esguio
imune a qualquer arrepio
dirigi-se ao congestionado
São cinco metros andando
horas a fio esperando
a mente se calejando
por mais 5 metros calcando
the way of life requentado
Devora todo galante
a fome que se apresenta
não deixe por um instante
migalha incinerante
sujar tua marcha lenta
Consome sem se perguntar
o preciso, real necessário
o importante é levar
pode vir negociar
faz parte do itinerário
É pompa reluzente
na linha, na mão, no olhar
cerceando o que se sente
abnegando o presente
ao crivo parametrar
A métrica não é problema em poema
dilema é saltar dos versos
cegando a vida esquema
seguindo escuso o sistema
trilhando por chão inverso
E a vida; simples quadrado
com fuga sempre abortada
erário, trabalho dobrado
paixões, pro cantos e lados
existo, no fio do nada
Enxergo o mundo cinzento
mas nego com força a trama
paixão é firmamento
os sonhos são alimento
poeta que ri e que ama
Em sílaba livre ou casada
poesia, teu fim inexiste
de sarau à alvorada
recitada ou de levada
tua áurea vive e persiste
Que os aromas poéticos incidam
conspirem por transformação
sorver cinzas que habitam
sugar pesares que residam
e deixar o permitir, ao coração
André Café
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