Tem dias que até o cachorro na rua te hostiliza.
Que agressão, que nada; ele apenas protege
aquela mulher companheira, tão amada,
e os filhos concebidos, futuro da espécie.
As pessoas nas calçadas nem se compadecem:
sabem que o animal tinha justo motivo
para defender as vidas de sua vida
inteira dedicada àqueles seres de afeição.
Às vezes, nem a garrafa de bebida te aceita
no balcão sujo de um bar, não se aguenta,
vomita o copo de cerveja, que não serve,
afoga as mágoas, mas não o sofrimento.
Indolor, incolor, inservível,
dilema invisível debatendo-se nas paredes
de uma cabeça que não encontra outra saída
a não ser se jogar no próximo carro de coleta.
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