quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Poetize-me


Meu bem,
Porque não largas essa tinta
e me embala em tua sina?

Poetize-me,
Deslize a cada curva de meu ser
como um náufrago a namorar o mar

Poetize-me,
penetre sobre minha epiderme
com intensa desritmia
de um arder que não se vê*
e inebria todo o meu ser,
inundando-me súplicas de amor
enlaçadas em pele, boca e despudor

Poetize-me,
Me risque, me rabisque,
Me borre, me devore,
me faça sua melhor obra

Poetize-me,
e não se preocupes com letras mal lidas,
serão apenas entrelinhas sentidas
de amor, volúpia,
desejos e luxúria,
tradução de uma enciclopédia corpórea
da lírica liberdade de ser tua

(Suzianne Santos)
 *Camões

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