terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Náiade


Meu nome é Náiade,tenho 17 anos e muitas incertezas,pelas quais me fazem escrever diversas linhas por varias jornadas de horas.Linhas sensatas . Não sei de certo se estou viva. Quando saio perambulando pela casa me deparo perdida entre sonhos com uma taça em minha mão cortando com fúria meus dedos.Olho fixamente dentro do liquido contido nela e mergulho no meio das surpresas que me revelam dentro de um espelho obcecada com vestidos e sandálias, coisas supérfluas ,mas de uma serenidade pacata. O mais estranho de tudo são estes espelhos refletindo uma mulher morta entre minhas pernas e eu segurando um punhal ensangüentado com um anagrama a decifrar. Continuo atormentada como o poderio desse segredo, continuo raspando os gumes encontrados em minha face .
Vozes vindo de varias direções, gritos saindo eloqüentes de um lado do espelho que consta rachado e no seu meio mostrando por fim a descoberta que eu temia aceitar. Morri a séculos e nunca conseguira libertar minha alma por eu mesma ter violenta-la, eu nunca tentei buscar minha anistia, eu sempre quis ser aquela garota que fala bobagens no canto da mesa, serelepe cantando, arrancando sorrisos, deixando uma suavidade reinar no ar, mas a maldade dos meus pensamentos sempre me sufocou e me impediu de voar, flutuar pelo o horizonte que todos dizem existir .
Atualmente vivo na idade media, usando os vestidos que era obcecada a usar ,calçando as sandálias para tentar seguir em uma estrada com alguém. Mas aqui sou considerada bruxa,herege para os que me enxergam e para os que se enxergam corretos nessa época.
Até quando irei vagar por esses caminhos obsoletos , presa e perdida por diversas épocas, sozinha mantida com os meus 17 anos atrás do meu reflexo ?

Myrla Sales ‘

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