quarta-feira, 2 de maio de 2012

Rios secos suspensos no mundo do ar - II


Corrente de água mesmo sendo doce
trouxe uma pitada serena de sal
e aquela gostinho é como se fosse
o rio chorando pelo natural

mergulho pra ver o que acontece
no fundo, surpresa, nem acredito
sirena no pranto que lhe estremece
visagem aquela que só era mito

mas ela chorosa e os peixes de lado
parece que ouço o que vão dizer
não chore sereia pelo estrelado
é longe um bucado não poderá ter

a linda criatura tristonha olhava
pro céu alumiado pela estrela
olhava, sorria e já suspirava
porque nunca poderia tê-la

foi quando me viu, no susto nadei
e de uma só vez sai do riachinho
mas ela seguiu as braçadas que dei
e logo me viu beirado no ninho

me diga seu moço como fazer
aquilo que brilha, lá bem no alto
quero uma só, pra poder ver
se é falso ou verdade, se é brilho de fato

olha sereia vou lhe falar
aquilo lá longe já está bem aqui
você pode ver nas estrelas do mar
nos pés de juá e nos pés de oiti

o brilho de pérola dos animais
nas coisas das águas e tudo na terra
o mundo é criado por forças astrais
o brilho de tudo nunca se encerra

não viu o que brilha de longe a sereia
mas riu e acenou antes de seu mergulho
deseja e admira a coisa alheia
mas daquilo que tem, também tem orgulho

André Café

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