quarta-feira, 20 de junho de 2012

Cosmogonia de Zion III - No crepúsculo de Zion, o encontro entre sombras e espectros alucinógenos



- Era possivelmente um dia de véspera
o sono do torpor etílico, realidade onipresente
guardava minhas lembranças para o melhor instante
dentro em breve de tempos passados chegaremos ao Duque
 - Será provavelmente uma noite de sátiros
os anjos do motor telúrico, mortalidade inclemente
brindava minhas mudanças para o sabor de antes
fora do tempo, sem noção da hora
fui ao encontro de sócrates

 - Eis que a noite conjectura-se na certeza mística de um outono imprevisível, não só o vento mormaço, ou as rajadas mosaicadas de luz e sombra em tons de vermelho que assim anunciam a despedida e a chegada de conspirações relevantes e reveladoras. Não há relevo entre circunstâncias e idiossincrasias tuas ou coletivas. é o momento de sentir, ao sabor e ao âmago aquecido em xícaras de chá d coca e gengibre.

 - Há quem vibre num espasmo o cheiro de êxtase que se propala aqui, entre o limbo de louvadeus e a lombra de leva e traz? que aromas climatizam a esfera imperfeita desta terra sem medidas?

- Para além do inatingível ressurgem nossas questões emblemáticas e neste mesmo não espaço, sorvem-se pelos caules das árvores e pelo calor do sanue púpuro das criaturas místicas de Zion. E isto, ou o seu contrário, é o que manifesta a fúria da leveza em cada ser

- E há quem aguente o peso de existir em tão cataclísmica simbiose? vejo espectros ora dourados, ora translúcidos, no limiar da loucura e - dita - sanidade. parecem criaturas que não há epizêuxis ou diácope, várias, várias vezes, que consigam explicar a contento. Passeio e observo, irresignado.

 - É de tua natureza caro Duque esta insatisfação ilógica a tua vista. Aquilo que define este não lugar difere-se muito de Cocytus de Giudecca ou mesmo de Aldebaran. Nada me vem como um conceito definitivo, pois aqui vivo também na incompreensão existencial. o plano ou os planos estabelecem uma relação viva, mesmo com a consumação de nossa essência para o seu viver. Cocytus, apesar de viver, nada mais seria do que as reinações indignas e maniqueístas de Satan, com a certeza da verossimilhança divina. Zion? Limbo? Donde estamos, me repito, sei que nada sei, a cada passo e olor, a cada imagem e pensamento.

 - Então, companheiro recém-descoberto na caminhada por esta camponesa terra de contragostos, poderemos conquistar entendimentos ao longo das estradas. Vejo que tens nas mãos as cartas que movem mundos, derrubam reis e rainhas. Aceita um trago?

E assim, contrapostos em mundos parecidos, Sócrates e Duque começavam mais uma visagem entre sombras e alucinações. Nas mãos, um bom e velho jogo de Poker. Aguardam Satan.

Como se fizesse sentido algum, pelo meu eu perdido no devaneio do tempo indefinido aos aromas e aos ares, no trago, mergulhei e num sonho tateado e viscoso, conectei-me com a terra úmida, percebendo mil vozes e sons, tons e arrepios, num pulsar disritmado de sensações

Duque e Sócrates em Zion

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