segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sobre poetar II - escritores da dor





Por que o poeta precisa da dor, 
Da solidão e desamores para escrever

Porque a felicidade se faz bonita, 
Mas apenas visivelmente,
Posto que quando lida
A dor se faz mais querida

Se torna companheira
Dedilhada 

a cada cambalhodar das letras
Num jogo inconstante 
de brincar com palavras 
e sentimentos

Porque o que dilacera 

é que dar vigor às palavras
E inunda a caneta 

de sentimentos oblíquos

Como a cambaliar, 

rodopiar 
ou mesmo valsear,
um poema se constrói
com tanto ardor que
o coração alheio 
palpita ou se esvazia
como se encontrasse nas palavras
um reflexo literário 

do que lhe angustia

É a arte de poetar
É a arte sofrida
É o coração nu e cru
Sentido e espelhado



(Suzianne Santos)

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