terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O ato inesperado



Minha mente,
Estrela estática no misterioso ato
de não escrever.
Um portifólio na memória:
Espelhos nostálgicos de sinistros instantes.
***
Em melodias, a alma transcende.
A musa da canção,
Chega a negar o ato
De não pertencer a afagos...
Por ser bela demais.
Por ser triste demais.
Por não lhe ser conveniente...

(Pausa e cólera).

E quem falou em conveniência?
São fios de fraternidade
Em meio a rosas, letras e acordes.

(Pausa e suspiro).
***
Não me concedas a paz.
Por meio de gestos e mecanismos.
Um mundo tão comum
Lhe é suficiente.
Dá-me porém teu silêncio.
Mas dá-me apenas quando
as flores eclodirem na primavera.
Quando o último vento frio,
A última das tempestades.
O canto da beleza invernal,
Sussurrar ao poeta merecedor:
- É hora de descansar.
***
As cortinas abriram-se.
A terceira cortina abriu-se.
Nada de ensaios.
Trancados os bastidores:
Luas ancestrais.
Estradas interditadas.
Epílogos vitais.
***
Sem aplausos.
Aplauso!
***
A platéia dorme.
As ruas neblinaram-se.
Um,
Dois ...

Pedro Sena

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