Corações desabrigados
Ah, esses coitados sem-teto! Chove granizo, ventos fortes lhes cegam com a areia que teima em acertar os locais mais incômodos, o sol forte resseca seu revestimento. Natureza quase impiedosa. Nessas condições, quando todos os lares parecem ocupados, na sua lotação máxima, tais seres se protegem como podem.
Alguns criam resistência às intempéries, outros se conformam com abrigos temporários, que lhes tragam proteção e um mínimo de conforto, mesmo que momentâneos. E partem para o próximo quando estes já não suprem as necessidades mínimas. Outros se apertam como podem, aceitando viver apertadinhos junto com outros, dividindo tudo minimamente, na esperança de ganhar um pouco mais de espaço mais adiante.
Mas a constante mesmo é que eles sobrevivem. Mesmo que pouco alimentados, dos mais diversos sentimentos, ou algumas vezes maltratados. Uns se alimentam de tal forma que a indigestão não perdoa; uma hora gorfam tudo o que colocaram pra dentro. Mas vivem. Sempre dão um jeito. Mesmo que sob uma coberta esfarrapada, num cantinho apertado, para se proteger da chuva.
(Mayara Valença)
Inspirada por Gildean Tiago
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