segunda-feira, 4 de junho de 2012
Prelúdio de Copas III - O sabor satânico
O vinho agridoce e em chamas no contraste da caminhada
a névoa púrpura que ebulia das fossas infernais criava ilusões
mas meu trajedo findava-se ai de alguma forma
os passos como guias cegos até ali me ancoraram
na face da gruta o arquétipo da humanidade.
- Eu cá estou em sofreguidão. Poderia ao menos ofercer-me um pouco de vinho?
- Acaso encontraste aqui resquício de benevolência ou candura? De que adianta sorver bebida, sem o sabor palpitando de papila em papila? Diga-me nefasto pecador. Não me apetece tua lamúria.
- Vejo, sinto a sórdida contradição de sua existência nas suas palavras.
- Eu não diria sórdida caro desconhecido. Digo, escolha, em processo de encontro. Contradição não se aplica neste caso. O que todos aqui fizeram foi provocar o ponto em que me ligo à humanidade. E todos incorreram em equívoco. Diga-me, se humano, na semântica real do termo, fosse, acaso estaria aqui em deleite?
- É óbvio que não, mas mesmo o deleite não é certidão de convicção plena.
- O não lidar pertence a vocês. O deleite pode não ser uma totalidade. Mas boa parte de minha essência busca isso. Deveras interessante, a outra parte veio aqui, solucionar este gozo pelo meu sucídio de espécie. E creio estar na ponta da resolução. Enquanto isso, caro desconhecido, sorva o prazer de seu castigo. O vinho não te cabe mais.
- És satânico ...
- Sou Duque de Copas. E nada mais.
O frio condiciona o recinto.
Duque de Copas no caminho de Epizêuxis Semântica
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