terça-feira, 6 de novembro de 2012



Alguém que viva do verdor da aurora,
alguém que esmague o tempo nas costelas,
alguém despido ao sol do meio-dia,
que beba a luz dos astros como vinho,
que acenda os olhos das estrelas vagas,
que apague a dor de amar envolto em medos.
Alguém que mostre as chagas da verdade
e rasgue a seda púrpura que a cobre.
Alguém que se assemelhe com o rochedo
transfigurado areia pelo tempo.
Talvez alguém que não esteja aquém
de tudo que se diz perfeito e belo.
Alguém que ame somente o que é bem-vindo
às aves e aos heróis de cada dia.
Alguém que traga um riso passageiro
e uma esperança mais que sofredora.
Alguém que arraste o pó das sepulturas
mas que desfeche luz nas horas frias.
Alguém que faça do suspiro um grito
e deste grito um canto e da canção
uma lembrança morta pelo olvido
e um sonho estrangulado pela Vida.


(Igor Roosevelt; 29/07/2008)

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