Tua lembrança me traz até o cheiro,
tempero de memórias, histórias antepassadas
criavam tecidos na minha existência,
permanência de retalhos que não se explicam.
Como explicar um gostinho bom na boca vazia?
É estranho o pesar mesclado de euforia de um dia
Um dia que me fez perder o fôlego e o sossego. Seria?
A gota fúnebre do fim de tarde, numa mórbida reminiscência.
O cheiro de cada palavra tua me intoxica
Veneno doce interminável, por escolha minha
Deixo cada cor me cegar, me cortar como faca
A cura eu seguro, tenho medo de conhecer o além-dor.
Esquece todos os segredos que compartilhamos,
no deleite da intimidade, quarto mal iluminado?
Clareia minha vista, traz de volta o que deixamos
no limbo iconoclasta de recordações sempre-vivas.
Nesse passo da dança e noite se embrenhando
Enquanto Heaven brincava com minhas dores e alegrias
Melodia maldita, doce e amarga, salgada e anil
Saudade do tempo escorrido e vivido na palma da mão.
Esse universo foi se expandindo, alcançando barreiras
Algumas que deveriam ter continuado intocadas
E nós, astros maiores dessa galáxia, fomos separados
O que me orbita só me deixa mais vazio sem ti.
Sai desse eixo, perde o centro de si,
comprimidos no espaço-tempo, montam discursos
de eternizar o que viveram em futuro próximo,
e perderão a chance de se abrir ao porvir.
(André Café, Isolda Benício e Jorge André, num bar qualquer)
Que lindo. Dá pra sentir até o gosto da nostalgia.
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