sexta-feira, 1 de junho de 2012

Parcelas suspensas no mundo do ar - A Esquina do Mar



No grito uma luz
o parto da liberdade
as asas de saudade
meu espirito conduz
vejo olhos que reluz
em fitas azuis, o mar
me acorda em sonho
nos poemas me componho
em raios para iluminar

Um risco dum passo
faz desenho no chão
lenço do meu perdão
na dança foi pisado
finalmente libertado
do ódio do coração
nas cortinas do clarão
do candeeiro iluminado
tem mandinga, é magia
é choque de energia
do espirito cremado

guardo o teu retrato
no plástico da carteira
onde a pedra certeira
vi voando pelo ar
rasgou o bucho do mar
pegou no meio do ponteiro
o tempo roda ligeiro
e começa a desmanchar

Outro grito se espalha
era morte anunciada
da gíria de quebrada
pelos cantos rasteja
buscando o que deseja
talvez uma mente nova
depois deitar na cova
onde a morte festeja

me perdi em alto mar
me soltou o carcereiro
transformei-me mensageiro
de misterios explicar
bala de doce vou atirar
no mar eu quero ladeira
encontrar esquina e beira
onde possa me encostar

quando tentaram me matar
tomaram meu caderno
meu chapéu, meu terno
a sandália e meu pandeiro
o cigarro derradeiro
e o silencio da madrugada
sem eles não sou nada
Uma carta sem carteiro

Eu já fiz lona de circo
armada com corrente
no picadeiro a semente
em contorções pra germinar
os segredos vão brotar
um galhinho vai crescendo
para o mundo vai dizendo
que vai se multiplicar
com a terra e o ar,
a chuva e o vento
junta tudo, elemento
vai correndo se espichar

Na guerrilha
perdi parte da visão
trabalho quase cego
sou escravo, não nego
tenho calos em mão
de roçado e percussão
experimento, sou matéria
evaporo em ideia
em químicas de solução

(MarcoFoyce)

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