quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Flutuar




quero transpor esse caldo de dilemas
jogar pros ares do esquecimento
os percalços e desatinos
apagar o fulgor que outrora
aquecia minha alma vida
e hoje sem dó, nem descência
cravo da reminescência
o grunido de dor deveras vil
ah! como é doce o veneno
que embebeda-me de esperança
mesmo sendo fútil labor
sabor de cheiro de mel
com lacrimenjado papel
e ânsia saudosa e empírica
que os vinhos que descem aos montes
afoguem nem que por um instante
desejo de auto explosão
e acalentem a estima reprimida
e me façam dar sentido a vida
que sobrepuje o coração
quero permissão, quero sentir
ou morrer em perfeito estado
mas nunca mais dilacerado
me faça deixar no passado
me faça sorvir meu libido
me sugue total essência
me faça flutuar
sobre a névoa da consciência

(André Café)

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