domingo, 30 de janeiro de 2011

Letargia


Tamanho sofrimento este que sinto.
Não há no mundo filosofia que defina
O porquê de padecer desta loucura,
Ou o porquê de ser esta a minha sina.

Ora sou alegre, ora sou triste.
Debalde, sou mais absorto em tristeza.
Como a alegria fosse efêmera,
Sendo esta traiçoeira minha única certeza!


Ora sou bom, ora sou mal.
Decerto, melhor é a indiferença,
Sinônimo de neutralidade
Porque bondade é maldade sem crença.


O meu maior mal é não ter esperança
Não ter algo em que acreditar.
A vida não tem nada de bem-aventurança,
Mais do que tudo, só fatos a lamentar.


Oh, como me soam fastidiosas,
E fúteis as coisas desse mundo.
Nada em que se apegar
Sem que leve ao engano profundo.

O mesmo olhar que encanta
É aquele que julga sua conduta.
A mesma mão que te ergue
É aquela que também te empurra.



De que mais vale um beijo de amor?
Quando essa boca que diz que te ama
É a mesma que vai dar o desprezo
E jogar o seu nome na lama!



De que mais vale um sorriso?
Quando aquele que rir também é infame!
De tantas coisas na vida,
Creia-me! Todas são inconstantes...

O que mais causa inda repúdio, são
Palavras, que ditas sem nenhum pesar,
Trazem ocultas e dissimuladas
As reais intenções de magoar.



Por isso essa grande abstenção
Acerca das cousas da vida.
De tudo o quanto já vivi e passei
Percebo agora que tive a mente iludida.



Busco, portanto, uma verdade permanente,
Um mundo paralelo, como o da loucura.
Que no seu mais profundo existir
Inda mantém a alma pura!



(Kleber Júnior)

Nenhum comentário:

Postar um comentário