segunda-feira, 27 de junho de 2011

O carcereiro




Veias tão sujas de sangue
explodem pelo corredores do pensionato,
à custa de muito choro e muita palma
batida contra as grades, espasmos de socorro.


Pés amarrados não conseguem tocar
o solo de uma canção de liberdade.
As costas acidentadas, doloridas,
descrevem a geografia do sofrimento.


Os olhos, marejados, dissolvem inutilmente
barreiras que separam indivíduos
de elementos inorgânicos, lixo espalhado pelos cômodos.


Num gesto improvável de clemência,
arranco a essência que anima
o viço daquelas carnes decompostas.


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