sábado, 4 de dezembro de 2010

CONTRADIÇÕES DA VIDA




1.

Eu queria fazer belas poesias, daquelas que encantam as beldades que se guardam em castelos revestidos de granitos, portobello e cerca elétrica; grandes castelos de areia;

Eu queria poetar sobre flores do consumo do clero e da nobreza; daquelas flores que a gente compra em floricultura personalizada; flores de jardim cuidado por jardineiro contrato e assalariado exclusivo, e leão-de-chácara no portão da entrada;


Eu queria saber de meus poemas ostentados em raras molduras, em convites de festas especiais e jazigos glamourosos;

Mas no coração do poeta a flor que brotou é flor de mussambê, de alecrim do campo, de mandacaru, do marmeleiro e do ipê; é flor de roça; é flor de terreiro; encantos que não germinam em granitos nem à sombra de cerca elétrica;

A beldade que encantou o coração de poeta faz poemas na mão, no coração, na alma e na vida do poeta; e dá vida e felicidade ao poeta; anda na sombra de si mesma; caminha a pé pelos caminhos que os povos caminham;


Coração de poeta se encanta com beldade que contempla flor de mussambê, de alecrim do campo, de mandacaru, do marmeleiro e do ipê; flor de roça; flor de terreiro; músicas de passarinho e com o canto do galo; encantos que não germinam em qualquer lugar nem todo mundo pode alcançar.

(Áureo João)

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