sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

.quero dizer.



Não conseguia olhar nos olhos, nem mesmo pelo reflexo do espelho. Sentia que se cruzassem o olhar seria fácil demais perceber que o brilho mudou de foco, e ficaria absurdamente constragida tentanto explicar, e gaguejaria, e coçaria a cabeça como de costume nessas horas.
O tempo era infinito, e o frio congelava o fogo da lareira, sem saber que bem não fazia tantos pelos arrepiados e nenhuma palavra bonita a se dizer, a não ser que lamentava muito.
Tinha uma janela, com a lua atravessando sua ponta. Janelas sempre são boas companheiras ao esfregar a nuca freneticamente.
Postou-se de forma que sua sombra parecesse menor que o natural, para não levantar suspeitas sobre seu medo e suas palavras.
Foi difícil admitir, mas a noite toda se fez uma frase:

- Sou mais gelada que esse vento.

(Larissa Andrade)

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