sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

ETNOCÊNTRICO - poema, poesia e filosofia


Aquele que não nasceu no meu lugar padece de infeliz sorte do destino, por não merecer a originalidade de uma digna naturalidade de nascença; não terá pior sorte em sua vida, se for mesma sua, se devotar-se ao lugar de minha nascença;

Aquele que não tem beleza corpórea igual à minha: minha raça, minha cor, minha linhagem; não pode-se dizer belo; poderá apenas admirar a beleza que é minha e não sua;

Quem não aprecia minha comida e minha bebida, sem iguais, não tem bom paladar, não tem bom estômago e não é herdeiro de bom gosto, nem de fina culinária;

Aquele que não foi embalado nos tecidos que me embalaram não vem de berço que se possa admirar, preservar e salvaguardar;

Quem não se veste tal como às minhas vestes não tem faculdade de Inteligência para discernir o elegante do ridículo;

Aquele que não sabe meu saber, não sabe; nem sequer sabe do meu tipo de compaixão para aliviar sua triste sina, merecida somente quando revogar seu não-saber e outorgar meu-sumo-saber; sua fortuna, coube-me por encontrá-lo e descobri-lo;

Aquele que não faz o que eu faço e como faço o meu fazer, não possui um sofisticado fazer neste mundo que é meu, nem tem o que ensinar nem o que continuar;

Aquele que não alcança o êxtase do choro, do riso e da contemplação refinada com minhas artes, minhas músicas, meus enredos, não terá outra reserva a não ser o lamento desafinado e poluente de suas cordas vocais, de seus instrumentos e por suas criações inferiores;

Aquele que não crê no Deus que me rege não conhece a Deus verdadeiro;
Quem não crê nas mesmas minhas crenças não sabe crer;
O outro que não anda como eu, sequer aprendeu a caminhar. Terá boa sorte, se eu puder carregá-lo.
Aquele que não escolheu a minha escolha, não tem uma escolha porque não o sabe fazer, mas lhe será ensinada a minha em todos os seus dias;

Aquele que não é como sou, não é sequer.

(Áureo João)

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