sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

ZOOM


Se essa máquina tivesse zoom, seria muito boom

Levanta cedo, come um bucado, tá atrasado tem que ir a pé
a natureza ali do lado e ele apressado prum Canindé
parece vivo, meio destraído a rotina fira, sem coração
a magia desapercebida, movido apenas por ilusão

zoom, zoom, zoom, capoeira ainda mata um
zoom zoom zoom, seria muito boom

pisando torto, desajeitado, sai do trabalho, alienação
andando manco, não vai ao pranto, comida custa muito tostão
e levitando como um container, pronto pra cair se perder no mar
e o corpo voa pelas calçadas, não há de que, não arrumar

Se a máquina tivesse zoom, o céu talvez seria mais azul
contornando a dor de cada um, em bolha de sabão, em rede de tucum
transformando o choro num tumtum, seria muito boom dançar um Olodum
megapixelando a vida de triste sofrida, em vôo de anum

zoom, zoom, zoom, capoeira ainda mata um
zoom zoom zoom, seria muito boom

(André Café e Filipe Saraiva)

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