quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O DIREITO DE IR E VIR E RIR A VIDA - poema, poesia e filosofia




1.
O direito de ir e vir é fundamental, é vital, ainda que não se possa rir a vida;
É necessidade subjetiva essencial, ainda que não se possa ir com a vida.
Que lugar é esse que piso e repiso sob o direito de ir e vir,
Mas não se pode rir a vida no ir e vir com a vida?
2.
Vida, o primeiro direito ou a razão última?
Vida, o que seria esta sem o ir e vir?
Mas o que é a vida, o direito a esta e o direito de ir e vir, quando não se pode rir com isso tudo pouco?
3.
Que tempo é nosso tempo?
Tempo que se rompem desafios para garantir a longevidade a todos,
Vida longa ao rei e à rainha!!!
Vida longa ao súdito!!!
Ainda que nos pareça mais brevíssimo o romper da vida, antes mesmo que se possa ter tempo para rir a vida consigo mesmo, com amigos, filhos e netos.
4.
Homo-sapiens, homem sábio, homem sapo; homo-sapo; sapo;
Gostos, ausência de gostos e desgostos rondam em comum;
Pela boca que degusta as moscas que te chegam ao paladar,
Pelas moscas que degustam na boca morta que ri um riso morto, antes mesmo que possa rir da sapiência que lhe seja superior.
5.
O direito de ir e vir é fundamental, ainda que não se possa rir a vida;
É necessidade do sujeito individual e do coletivo de sujeitos, ainda que não se possa ir com a vida.
Analfabeto não pode ir e vir em meio a tantas línguas, linguagens e códigos que lhe confundem;
Letrado doutor não pode ir e vir em meio à brevidade de seu tempo que se anuncia, que lhe confunde, que lhe nutre o medo, que lhe pode cerrar o riso, seu ir e vir;
6.
Ricos e empobrecidos; belos e não-belos,
Ir e vir, sem rir, não tem nenhuma graça,
Nem ao homo-sapiens, nem ao homo-sapo, sapo;
A menos que a racionalidade do homo-sapiens seja própria da negação de rir e da ausência de graça em seu fazer e saber.
7.
Das riquezas todas do mundo, o que nos cabe em direito de rir...; do que é bom; porque é bom; porque faz um bem; por afeto; por alegria; por respeito; por prazer?
Do Capital no mundo, quanto nos custa rir, não raro sem direito de ir e vir – ou com este -, pela mais-valia que se ganha não-sei-como e se acumula nas mãos de não-sei-quem ?
Das leis que regem nossas vidas, nossas relações no mundo e com o mundo, e as coisas do mundo, tantas nos garantem o direito de e ir e vir; e quantas nos asseguram o direito de rir, no ir e no vir?
8.
Queiram os desígneos dos deuses que nossa vida não se acabe, sem antes gozar de muitos risos; dos risos que se ria só; risos que se possa rir com os filhos, e com os filhos dos filhos, e com os filhos destes;
Permitam-nos as leis da Natureza, que regem nossa existência natural, que o direito de rir a vida seja mais extenso e mais intenso que o curso das terras pisadas sob a garantia do direito de ir e vir;
Faça-se Cultura, em que se faz o humano, que inventou cultura e se reinventa, ainda que inacabado sempre, mas não subtraia o riso afetuoso e prazeroso, pelo simples direito de rir e rir; pelo direito de ir e vir e rir, digno de todas as pessoas e conjugações que o verbo comporta na vida, por criação e recriação humana;

(Áureo João)

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