domingo, 2 de janeiro de 2011

Os não-vocês




Aquilo tudo tinha cheiro de mentira.
O menino fingindo alegria e a música sem graça saindo da vitrola velha.
Ela de pernas cruzadas feito moça.
Ele virou o rosto e o sorriso ainda estava lá nas costas.
A menina com o cabelo arrumado e muito séria, sempre com as mãos repousadas no joelho, esperando algo acontecer.
Aquilo tudo tinha cheiro de mentira.
O menino que parecia bêbado e feliz foi embora.
A menina séria e sóbria ficou.
Aquilo tudo tinha cheiro de mentira.
Ela jogou as pernas para cima da cadeira e acendeu um cigarro, meio tonta deixou o cabelo sentir o vento, sorrindo puxou a fumaça pra dentro.
E ele que nada tinha bebido só chorou no quarto sozinho.
Aquilo tinha mesmo cheiro de mentira.

(Larissa Andrade)

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