segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
UM DIA DAQUELES QUE PARECIA COMUM
Já acordou de mau-humor. Oras! Maldisse a segunda-feira no mínimo em 300 dialetos, condenando também o imbecil do despertador que falhara. Atrasado e aborrecido. Numa segunda-feira. a previsão era de sol, mas um pé d'água dissolvera o resto de paciência que existia. E pobre da chuva que se pudesse ouvir, teria que fazer terapia. Acho que por isso trovoava bem alto. E ele sai atrasado, aborrecido e meio molhado, ainda colocando as coisas na pasta, com as sobrancelhas quase abraçadas, nem se despedira da esposa, que também estava atrasada e não fizera o café. Atrasado, aborrecido, meio molhado e faminto. "Alguém dos infernos tirou o dia pra me caçoar." pensara. Mal sabia e logo lembrara que o carro estava na oficina, hoje era dia de ônibus. Os netos ainda não nascidos do mecânico já estão devidamente estigmatizados. Nunca ficara tão puto. É. E lá vem o ônibus. Falar de lata de sardinha nesse momento era morar num palacete. Mas ele lutou, lutou, até que entrou. Um braço meio entrelaçado com o pescoço de uma pessoa, a perna enroscada na bengala de um senhor, o coroamento de um dia maravilhoso para ficar na cama. E aí sobrou pro motorista, cobrador, os donos da empresa de ônibus, os passageiros que por ele passava e que ele jurava cada um de morte. Até umas crianças que atravessavam a faixa no sinal fechado! "Isso lá é hora do $@#&!! dessas crianças passarem!?" Chegara depois de uma batalha solitária pra descer do ônibus. Ainda bem que não se vende granadas facilmente. Com uma única sobrancelha, entrara na firma, todo mundo parou o trabalho, olhando ele chegar quase duas horas atrasado. Logo ele, tão polido e severo com as regras. Mal sabem que cada uma daquelas pessoas, estava sendo assassinada das formas mais cruéis possíveis. Jogou sua pasta da mesa, organizou os documentos. Nem percebera que chegava aquele gozador do escritório. Se tivesse visto antes, teria usado a mesa para outro fim.
- Eita que a farra foi boa? Muita bebedeira hein? - dando um sonoro tapinha nas costas dele.
Ele se tremendo, quase arrancando o vidro colado à mesa. - ... Nada. Perdi a hora mesmo. - Imaginava a cena de uma voadora. Sorriu.
- É né? Deve ter rolado aquele churrascão! chama na próxima! - e saiu, sem perder a oportunidade de mais um tapinha nas costas. Foi o último tapa. Ele passou pela mesa parecia um guepardo encurralando sua presa, se atracou com o gozador e todos horrorizados com o Telecat. (...) e a polícia leva apenas o nosso herói, sobre olhares repreensivos dos colegas de trabalho. Mal sabiam eles que o relógio atrasara, saíra sem café ...
Exercitemos a nossa permissão e compreensão para com o outro. Por vezes, pequenas coisas em um dia podem desencadear grandes problemas. Nós somos humanos e não podemos esquecer disso. Diálogo, paciência, atitude e permissão.
(André Café)
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