Embalada na surpresa e na potência do engano cometi um ato falho. Confesso que essa foi minha melhor incompetência, pois escondi de mim esse aleive com a magnitude do real. Forcei-me a essa farsa para perder tempo. Ah, o arrependimento...
Agora sei que fui covarde com minha alma em um deleite ridículo. Agora derramo meu erro pelos olhos e poros, deixando visível minha pior aparição. Mentiria por mais, mas é que tive tão pouco tempo até sucumbir toda a verdade. Não houve resistência, mas medo. Medo de dar o meu amor a ele... Ah, que agonia...
E de resto fiquei com o ego escoltado pelo engano. Não quis deixar que meu fracasso ficasse tão esplêndido. Menti algumas vezes com aquele sorriso e para aqueles olhos que me cumprimentaram. É eu sei que feri com doce o meu ego e até mais que subitamente espero um perdão. Desculpa, pois eu sorria enquanto mentia.
(Rosseane Ribeiro)
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