terça-feira, 17 de abril de 2012

Entra(nha)

 


 Janelas abertas, das milhões de janelas que a solidão habita
Dais para os areais do mundo onde os cegos jamais estiveram
Voz firme assanha o peito quente
Alva a pele, não carece do tutano das Marias
És, sem querer, a Deusa Coroada
A própria Vênus em termos de luta
Na luta, a arma mais nobre, teu arco-íris em meu olho

Há que se tirar todas as coisas do lugar
Há que se cravar rosas onde pedem asfalto
Adubar a dúvida, inquirir quando se consente
Serás sempre a que não se enquadra

Há que se acolher, ainda que de espanto
Fazer semente, vê-la brotar
Uma fera por dia, fibra por fibra do coração de nossas entranhas
Não haverá futuramente, quem sabe, apenas ciscos de tantos vendavais arenosos?

  Que ensinas a mim, a mim que me conhecem pelo que visto ser?
A dor que se faz presente, da dor de ser autêntica
Que existe crise onde a humanidade é mais apurada
Dar, dar até sangrar
Ser, ser até que seja, em si, Plena.

Gisele Morais,
Para
Fernanda Costa.


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