A Infância tem cheiro de livros mofados na biblioteca,
tem as marcas dos dedos sapecas na vitrola
tem o som do mar entrando nos ouvidos
tem a visão da natureza tranquila
tem cheiro de pão fresco da manhã feito pela nona.
Infância tem gosto doce de vinho misturado com água,
se traja de vestidos sujos de terra e flores do quintal,
tem machucados da bicicleta rosa com lilás,
tem alegria dos risos altos na grande mesa externa
tem o bater de um coração desesperado pelo macarrão e almôndegas do almoço...
A infância é caçula, tem o abraço de todos os fratellos,
o carinho dos pipos,
a amizade dos pagliaccis dos primos;
Infância caminha de pés descalços em pedrinhas brancas,
tem o abraço forte de papa e o cheiro gostoso de mama,
tem os conselhos do nono, tem o colo do tito,
infância tem cheiro de pesseguêira florando,
tem o pisar descalço de uma calçada colorida de folhas rosas,
tem o frio acolhido de uma São Sebastião esquecida...
A infância se cansa fácil no fim da tarde preguiçosa,
no colo de nono, com carinho.
Se amarrota antes do jantar.
A infância leva bronca e chora de mimo sonolento,
mas desperta com o cheiro de Raviolli quentinho.
Infância era nada mais, nada menos, que um dia de domingo.
Raíssa Cagliari; 28/04
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