domingo, 15 de abril de 2012

O FILME

Sons de sirenes acordavam a madrugada fria daquele dia.

Ouço ao longe a marcha dos soltados que vinham em batalhão. Mas ainda era um som distante...

As pessoas correm, procuram escapar ao inimigo infalível: a guerra.

O som da marcha está mais próximo. No campo, parecíamos caças a fugir do predador.

Escuro. Não vejo mais meus conhecidos, são todos vultos agitados em busca do melhor caminho para a salvação.

Eles estão chegando! Rápido, corra. Não conseguia, minhas pernas estavam paralisadas. Só tenho reação como mera observadora.

Agora são tiros ecoando no espaço escuro.

Vem-me recordações dessa manhã como uma visão: a cidade é só cinzas. O céu está cinza: é inverno, e faz muito frio e o frio é cinza. As construções são meros montes de concreto cinzas e ainda em chamas - só ficará cinzas. Os corpos carbonizados: cinzas. O futuro: uma nuvem cinza.

Eles chegaram. Procurei agarrar-me ao muro, tentando pular para a outra área ,sendo mais fácil fugir.

As cenas estão em câmera lenta: tudo muito devagar.

São monstros humanos trajando uniformes cinzas e botas coturnos pretas.

Com algum esforço consigo pular o muro, agora e só correr. E corri meio mundo, não sei por quanto tempo. Num esforço de continuar vivendo.

Derrepente, me dei conta que estava indo em direção ao mesmo lugar que havia saído. Mas como? Eu havia saído daquele lugar e agora estou indo em direção ao mesmo? Indaguei comigo mesmo. Não sei o que aconteceu, só sei que aqui estou novamente.

Negro. A cidade em ruínas só era escuridão. Me dei contar que estava sozinha. Onde eles estão? Olhei para cima, para o lado onde estava do que restou de uma construção, estava coberta de uma poeira negra . Olhei novamente e, pareceu-me que havia alguem me olhando. Percebi que eram vultos.

Senti que alguém me tocava: era minha mãe. Estávamos novamente no local do começo da história. Olhei ao redor procurando os soldados. Procurando escutar as sirenes e os tiros. Nada.

Estávamos na sala do cinema, o filme havia acabado.

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